1919 |
Nasce no dia 23 de novembro em Manaus no Estado do Amazonas,
na rua Oriental no 16. Primeiro filho de doze de Cecília Autran Franco de Sá,
formada em piano e pintura, e de Giotto Michelangelo Santoro, oficial do exército italiano,
dotado de grande intuição musical: tocava piano e cantava de ouvido qualquer música. |
1920 |
Batizado no dia 4 de abril na Igreja de São Sebastião de Manaus. |
1925 |
Ingressa no 1o ano primário do Colégio
dos Salesianos de Manaus, antes de completar a idade exigida. |
1929 |
Ganha do tio Attilio um violino e o Método de teoria e solfejo.
Recebe as primeiras lições de sua tia Iracema Franco de Sá. |
1930 |
Passa a estudar com o professor Avelino Telmo, violinista chileno radicado em Manaus.
Após poucos meses toca nos saraus que se realizam em sua casa, acompanhado ao piano por sua mãe. |
1931 |
Dá seu primeiro recital na Leitaria Amazonas. No Jornal do Commercio de Manaus o crítico Adriano Jorge escreve:
"Cláudio Santoro, ouvi-me bem estas palavras de augúrio profético -- há
de ser a mais fulgurante glória do Amazonas." Na casa do comandante Braz Dias Aguiar,
começa a ouvir a coleção de discos gravados pelos mais famosos virtuoses da época e a obra completa de Beethoven. |
1932 |
No Clube Caxeiral e no Politeama de Manaus, realiza concertos em benefício
do professor Telmo que, sem recursos, necessita submeter-se a uma cirurgia. |
1933 |
Chega ao Rio de Janeiro com o comandante Braz Dias Aguiar que, além de financiar a viagem e a estada,
encaminha-o ao renomado professor Edgardo Guerra. Problemas de relacionamento com a família que o hospeda fazem com que retorne a Manaus. |
1934 |
Dá um concerto organizado por seu pai no Ideal Clube de Manaus.
O governador Nelson de Mello assina, por decreto-lei, estipêndio
do governo do Amazonas para êle estudar no Rio de Janeiro. |
1935 |
Retorna ao Rio de Janeiro. Para pagar a passagem do pai, que o acompanha
por ser menor, toca em Belém, no Teatro da Paz, e em Recife,
no Teatro Santa Isabel. Preparado pelo Professor Guerra, ingressa no
7o ano do Conservatório de Música do Distrito Federal.
Realiza seu primeiro recital no Rio de Janeiro, para o Centro Musical,
acompanhado pelo pianista Arnaldo Estrella. |
1936 |
Apresenta-se como solista do Concerto para violino op. 64 de Mendelsohn
com a Orquestra da Pro-Arte do Rio de Janeiro, sob a regência de Alberto Lasoli.
Passa a ser considerado o maior talento surgido no meio musical do Rio de Janeiro. |
1937 |
Completa o curso de graduação no Conservatório de Música do Distrito Federal.
A professora Nadile de Barros o estimula a compor, dado o seu extraordinário desempenho no curso de harmonia. |
1938 |
Assume o cargo de professor assistente de violino no Conservatório de Música do Distrito Federal.
Compõe um quarteto para cordas, uma sonata para violino e várias peças que merecem elogios de Francisco Braga. |
1939 |
Toca em Manaus e inclui no programa duas obras de sua autoria. No Rio, além de violino,
passa a lecionar harmonia e contraponto. Compõe uma sinfonia para duas orquestras de cordas,
obra em que revela técnicas da vanguarda internacional antes mesmo de conhecê-las. |
1940 |
No Rio, com H. J. Koellreuter, músico recém chegado da Alemanha,
trabalha os métodos de composição de Hindemith e Schoenberg,
Estética e Contraponto. Com novos conhecimentos, consegue organizar em sua
obra aquilo que imaginava, porém sem saber como. Toma parte na criação do
Grupo Música Viva, responsável pela divulgação da música de
vanguarda e da revista Música Viva. Publica artigo criticando o nacionalismo ortodoxo e
o academicismo reinantes. Muda-se para uma pensão em Laranjeiras onde fervilham
discussões políticas. Sente-se atraído pelas idéias marxistas.
Forma um trio com o pianista Oriano de Almeida e com o violoncelista Aldo Parisot. |
1941 |
Casa-se com a violinista Maria Carlota Horta Braga. Ganhando pouco como professor,
renuncia aos cargos no Conservatório de Música do Distrito Federal e
passa a tocar em várias orquestras - na Orquestra Sinfônica Brasileira,
na da Rádio Nacional e na do Cassino Copacabana. |
1942 |
Nasce seu primeiro filho Carlos Arlindo. |
1943 |
Dirige o programa "Música Viva"
na Rádio Ministério da Educação, com a participação
ao vivo de intérpretes e discos fornecidos pelo flautista Carlton Spraguer Smith,
adido cultural da embaixada norte-americana. A obra Impressões de uma usina
de aço recebe o prêmio da Orquestra Sinfônica Brasileira. |
1944 |
Nasce sua filha Sonia Maria. Seu Quarteto no 1 recebe menção
honrosa no Concurso Internacional promovido pela Chamber Music Guild, de Washington,
em combinação com a RCA Victor, com um júri formado por Ernst Primrose,
Wanda Landowska, Michael Piastro, Edgar Varèse, Germaine Tailleferre e Charles Seeger. |
1945 |
A canção A menina exausta, sobre poema de Oneyda Alvarenga,
recebe no Rio Grande do Sul o 1o Prêmio do Concurso Nacional Interventor Dornelles para o gênero lied. |
1946 |
Recebe pelo conjunto de sua obra bolsa da Fundação
Guggenheim dos Estados Unidos. Por razões políticas,
o visto do governo americano lhe é negado. |
1947 |
Por recomendação de Charles Münch recebe bolsa do governo francês.
Segue com sua mulher Maria Carlota para Paris no dia 8 de setembro, a bordo do navio Groix.
Trabalha composição com Nadia Boulanger, regência com Eugène Bigot,
e freqüenta curso especial de cinema na Sorbonne. |
1948 |
Recebe em Paris o prêmio anual para jovens compositores da Fundação
Lili Boulanger de Boston, concedido por um júri composto por Stravinski, Koussevitzki,
Walter Piston e Aaron Copland. Regressa ao Brasil. Retira-se para a fazenda do sogro na serra da Mantiqueira.
Pesquisa folclore e música popular. A 3a Sinfonia recebe o 1o Prêmio do Concurso
Nacional promovido pelo Berkshire Music Center de Boston, em associação
com a Orquestra Sinfônica Brasileira. |
1950 |
Volta para o Rio de Janeiro para assumir o cargo de spala da Orquestra Sinfônica Brasileira.
Para complementar o baixo salário que ganha, compõe música para programa infantil
e para os discos Odeon. Recebe medalha de ouro como o melhor instrumentador e compositor para a Rádio
da Associação de Autores Teatrais do Rio de Janeiro. Seu estilo musical passa por um período
de transição que o leva ao nacionalismo, resultado de fatores emocionais, filosóficos, estéticos e políticos. |
1951 |
Apresentada no Festival Berkshire de Boston a sua 3a Sinfonia,
sob a regência de Eleazar de Carvalho. A convite de Dias Gomes, assume a direção
musical da Rádio Clube do Brasil. Nasce sua filha Letícia. |
1952 |
Recebe o Prêmio Internacional da Paz pela partitura
"Canto de Amor e Paz",
outorgado pelo Conselho Mundial da Paz, em Viena. |
1953 |
Demitido da Rádio Clube do Brasil, após seu regresso de Moscou, onde participou do Congresso da Paz. Muda-se para São Paulo para trabalhar para a MultiFilmes. |
1954 |
Recebe medalha de ouro da Associação de Críticos de Cinema no Rio de Janeiro, além de prêmios pelas suas partituras para os filmes
"A Estrada" e
"Agulha no Palheiro". Segue para a Europa para reger em vários países socialistas. |
1956 |
Em Moscou, rege a sua 4a Sinfonia. Katchaturian o aplaude de pé. Convidado para o cargo de Diretor musical da Rádio Ministério da Educação. Lançada a gravação da sua 5a Sinfonia. |
1957 |
Cria a Orquestra de Câmara da Rádio Ministério da Educação, considerada a melhor
do Rio de Janeiro. Com um pró-labore correspondente a 10 por cento do que ganha o músico da orquestra e cansado de esperar pelo prometido aumento, resolve aceitar convite para participar do II Congresso de Compositores em Moscou. Aí rege sua Sinfonia no 5 e assina contrato para a edição desta e da Sinfonia no 4. As autoridades soviéticas o convidam para retirar-se do país em virtude do seu envolvimento amoroso com a intérprete russa Lia. Em Paris, enquanto espera inutilmente a possível fuga de Lia, compõe em parceria com Vinicius de Moraes as mais lindas Canções de amor. |
1959 |
Sua obra Recitativo e variações é premiada no Concurso Nacional promovido pela Comissão
Estadual de Música de São Paulo. Segue para Londres a convite do governo britânico. Termina sua 7a Sinfonia. Em Viena, participa do júri do Concurso Internacional de Composição. Recusa convite para lecionar em Peruggia, já que para aceitá-lo teria que optar pela cidadania italiana. Recebe carta de Kabalewski dizendo que estava com ciúmes da sua 4a Sinfonia, que acabava de ser editada em Moscou. Assina contrato com a Universal para editar a Brasiliana, obra para orquestra. |
1960 |
A 7a Sinfonia recebe o 1o lugar no Concurso Nacional instituído pelo Ministério da Educação
e Cultura para comemorar a Fundação de Brasília. A convite do governo da República Federal da Alemanha passa uma temporada em Berlim, pesquisando música eletroacústica. Em Londres, rege seu balé Zuimaaluti a convite de Dame Margot Fonteyn e patrocinado por S. M. Elizabeth II da Inglaterra. |
1961 |
Participa do Congresso de Compositores Alemães em Berlim Oriental. |
1962 |
Assume os cargos de coordenador para assuntos de música, de professor titular de composição
e regência e de chefe do Departamento de Música da Universidade de Brasília. Apresenta a tese "A reforma do ensino musical no Brasil" e organiza o I Simpósio sobre Educação Musical no Brasil, promovido pelo Ministério da Educação e Cultura em Brasília. |
1963 |
Casa-se com a bailarina Gisèle Loise Portinho Serzedello Corrêa. Participa da 1a Conferência
Nacional de Educadores na Universidade de Yale em Connecticut, EUA. |
1964 |
Recebe o troféu "Candanguinho" da Associação de Jornalistas e Radialistas de
Brasília como o melhor compositor e regente do ano. Cria a Orquestra de Câmara da Universidade de Brasília com músicos nacionais e estrangeiros, responsáveis pelas cadeiras do Departamento de Música. Nasce sua filha Gisèle Loïse. |
1965 |
Recebe o prêmio Jornal do Brasil pela repercussão de sua obra no exterior e pelo trabalho nacional
em educação desenvolvido em Brasília. Demite-se da Universidade de Brasília por não concordar com a demissão de vários de seus integrantes (280 docentes). |
1966 |
Convidado pela Ford Foundation e governo da Alemanha como artista residente do Küenstler Programm em Berlim.
Nasce seu filho Alessandro. |
1967 |
Pinta quadros providos de uma fita cassete magnetofônica que
executa permanentemente uma música à medida que o espectador se aproxima.
|
1968 |
Nasce seu filho Cláudio Raffaello. Em Paris, faz litografias num atelier herdado
pelo seu editor a fim de apresentá-las com as partituras musicais. |
1969 |
Recebe condecoração do governo do Amazonas.
Na Rádio Diffusion Française realiza ciclo de 10 conferências sobre o aleatório em música. |
1970 |
Agrupamento a 10 é escolhida como a melhor obra apresentada no II Festival da Guanabara em concurso promovido O Globo. |
1971 |
Assume o cargo de professor titular de regência na Escola Estatal Superior de Música de Mannheim, Alemanha.
Dedica-se a experiências com música eletroacústica. |
1973 |
Interações Assintóticas recebe o 1o prêmio do Concurso Nacional instituído pela
Secretaria de Cultura do Estado do Rio de Janeiro.
|
1976 |
Convidado para falar sobre música, ciência e tecnologia em colóquio do Departamento de Física
Teórica do Centro de Energia Atômica da França, na SACLAY. |
1978 |
Retorna ao Departamento de Música da Universidade de Brasília. Recebe o prêmio
Golfinho de Ouro por sua obra Bodas sem Fígaro. |
1979 |
Recebe homenagens por seus 60 anos em Mannheim e em diversas cidades da Alemanha, onde se realizam
concertos com programas dedicados à sua obra. Em São Paulo, recebe o prêmio Moinho Santista.
Funda e dirige a Orquestra do Teatro Nacional de Brasília. |
1980 |
Compõe o hino oficial do estado do Amazonas. |
1981 |
Após vários desentendimentos, e sem conseguir impor um nível
de rigor profissional necessário para formar uma equipe de primeira qualidade, foi demitido da Orquestra do Teatro Nacional de Brasília. |
1982 |
Compõe a 9a Sinfonia e delineia a 10a . Recebe a Medalha do Mérito do Estado do Amazonas. |
1983 |
Finaliza a 10a Sinfonia. |
1984 |
Prepara a ópera Alma, baseada na obra de Oswald de Andrade.
Comemora os 65 anos na Alemanha. Rege sua Missa na Escola de Música de Karlsruhe, gravada para a Rádio Difusão de Stuttgart. |
1985 |
Recebe o prêmio Shell para a música erudita. Em São Paulo,
recebe o prêmio Ciccilo Matarazzo e, em Brasília, é condecorado com a Ordem do Rio Branco.
Reassume a Orquestra do Teatro Nacional de Brasília. |
1986 |
Condecorado com a Ordem do Mérito de Brasília. |
1987 |
Recebe o prêmio Lei Sarney para a Cultura Brasileira. |
1988 |
Realiza conferências sobre "Aspectos psicológicos no
trabalho de uma Orquestra", no SEPRO de Brasília, e sobre "O processo criador e o superdotado",
na Universidade de Brasília. |
1989 |
Passa mais uma vez férias na Casa de Brahms em Baden-Baden,
na Alemanha, onde termina sua 14a Sinfonia. Regressa a Brasília bastante exaurido devido
ao seu descontentamento com a política da Fundação Cultural. No dia 27 de março,
às 10 horas, morre acometido por um enfarte enquanto ensaiava, com a Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional,
o Concerto no 2 para piano e orquestra de Saint-Saëns, frustrando todas as homenagens programadas no Brasil,
na Alemanha e na França, pelos 70 anos que completaria no dia 23 de novembro. |